Está agora em exposição no MNAA uma obra rara da nossa colecção: O Tocador de Alaúde Acompanhando um Velho Segurando uma Partitura Musical, de Jacques des Rousseaux. A biografia de des Rousseaux permanece envolta em mistério. A família, originária de Tourcoing, no norte da França, procurou refúgio em Leiden, nos Países Baixos. Nascido por volta de 1600, o pintor terá mantido uma forte ligação à sua terra natal, regressando a França após uma viagem de estudo a Itália - uma prática comum entre os artistas do norte da Europa, que procuravam inspiração na pátria de Caravaggio. É quase certo que des Rousseaux foi discípulo de Rembrandt, que manteve uma oficina em Leiden entre 1628 e 1631. Algumas das suas pinturas revelam tal proximidade ao estilo do mestre que chegaram mesmo a ser atribuídas erradamente a Rembrandt. Embora muitas das suas obras conhecidas sejam Tronies - estudos expressivos de rostos, típicos do círculo de Rembrandt - esta pintura distingue-se pelo retrato de uma cena de concerto musical com duas figuras, fundindo a luz calorosa das obras iniciais de Rembrandt com o naturalismo dramático de Caravaggio.

Convers’arte com David de Witt
Terça-feira, 13.05.2025, 18h30

Na terceira edição da Convers’arte, temos o prazer de receber David de Witt, Conservador Sénior da Casa-Museu Rembrandt, para reflectir sobre uma das obras-primas holandesas da colecção da Fundação Gaudium Magnum: Um jovem a tocar alaúde acompanhando um velho, de Jacques des Rousseaux.

Intitulada Caravaggio em Leiden: A Alegoria musical de Jacques de Rousseaux, a conferência transporta-nos para o universo da pintura holandesa do século XVII — traçando as ligações de Rousseaux ao círculo de Leiden de Rembrandt e Jan Lievens, ao mesmo tempo que revela os ecos dos seguidores de Caravaggio em Utrecht.

Embora seja ainda uma figura relativamente desconhecida da pintura barroca Holandesa, Jacques de Rousseaux destaca-se pela fusão singular de influências presentes na sua obra. Nascido por volta de 1600 em Tourcoing, no norte de França, instalou-se mais tarde em Leiden, onde se pensa que trabalhou na oficina de Rembrandt. É sobretudo conhecido pelos tronies — estudos de carácter centrados na expressão facial — mas produziu também cenas musicais intimistas, como a obra actualmente em exibição no MNAA. Esta obra remete para a Alegoria Musical de Rembrandt (Rijksmuseum), mas revela ainda a marca do naturalismo caravaggesco, possivelmente assimilado através de Jan Lievens, ou pelo contacto com pintores franceses como Nicolas Tournier e Trophime Bigot.

Com um olhar informado e perspicaz, o Dr. de Witt irá guiar-nos pelas camadas subtis de influência e inovação desta composição singular, mostrando-nos como Rousseaux encontrou a sua linguagem própria — uma visão independente, distinta dos seus modelos e dos seus contemporâneos.

Marque o seu lugar!